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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

quero

beijar tua alma amar tua calma gritar teu nome olhar teus olhos tomar tuas mãos sem sim, sem nãos um dia de cada vez

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Cristal


cristal
olha a vitrine
e por mais que me aproxime
temo tocar o cristal
não que me seja proibido
é que por certo me fara cativo
e jamais então serei igual
ele reluz em cores inebriantes
como fa´scas insessantes
me convidando a toca-lo
mas me mantenho distante
firme, porém exitante
morro se um dia quebra-lo

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Não me Peçam Razões...

Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.

José Saramago

"Os Poemas Possíveis"

sábado, 2 de abril de 2011

Ilusão Política das Grandes Manifestações Populares

Nisto de manifestações populares, o mais difícil é interpretá-las. Em geral, quem a elas assiste ou sabe delas ingenuamente as interpreta pelos factos como se deram. Ora, nada se pode interpretar pelos factos como se deram. Nada é como se dá. Temos que alterar os factos, tais como se deram, para poder perceber o que realmente se deu. É costume dizer-se que contra factos não há argumentos. Ora só contra factos é que há argumentos. Os argumentos são, quase sempre, mais verdadeiros do que os factos. A lógica é o nosso critério de verdade, e é nos argumentos, e não nos factos, que pode haver lógica.
Nisto de manifestações — ia eu dizendo — o difícil é interpretá-las. Porque, por exemplo, uma manifestação conservadora é sempre feita por mais gente do que toma parte nela. Com as manifestações liberais sucede o contrário. A razão é simples. O temperamento conservador é naturalmente avesso a manifestar-se, a associar-se com grande facilidade; por isso, a uma manifestação conservadora vai só um reduzido número da gente que poderia, ou mesmo quereria, ir.
O feitio psíquico dos liberais é, ao contrário, expansivo e associador; as manifestações dos "avançados" englobam, por isso, os próprios indiferentes de saúde, a quem toda a vitalidade acena.
Isto, porém, é o menos. O melhor é que, para quem pensa, o único sentido duma manifestação importante é demonstrar que a corrente da opinião contrária é muito forte.
Ninguém arranja manifestações em favor de princípios indiscutíveis.
Tão pouco se aglomeram vivas em torno a um homem a quem é feita uma oposição sem relevo ou importância. Não há manifestações a favor de alguém; todas elas são contra os que estão contra esse alguém. É por isso este, não o "homenageado", quem fica posto em relevo.
Quanto maior a manifestação, mais fraco está o visado; maior se sente a força que se lhe opõe. Toda a manifestação é um corro-a-salvar-te de quem não pensa contribuir para a salvação senão com palmas e vivas.
É este o ensinamento que toda a criatura lúcida tira das manifestações populares.
Quando a uma criatura, que está em evidência ou regência, se faz uma manifestação que resulta pequeníssima, conte tal criatura com o apoio dum país inteiro.
Se a manifestação fosse grande, tremesse então. É que os seus partidários teriam sentido, por uma intuição irritada, a grandeza da oposição a ele, e isso os chamaria em peso para a rua, para, com suas muitas palmas e vivas, aumentar a ele e a si próprio a ilusão duma confiança que enfraquece.

Fernando Pessoa

'Idéias Políticas'

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Procura da Poesia

Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam. Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou dor no escuro
são indiferentes.
Não me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem de equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas. Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.

Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo




Drummond

quarta-feira, 23 de março de 2011

Minha valeta

Minha valeta de alma é a vaidade.
Isso até poderia ser "mea culpa"
Minha alma é vaidosa e cativa.

Se vim aprender algo neste mundo é a me expressar livremente.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Quaresma

E crescem as águas do corpo.

Prenúncio de enxurrada,desaguada em deleite e luas...

Feição nua e solidária.

Quem nega a irritação pelo coletivo formal?

Matou quem?

Morreu quem?

Viveu por quem?

Silêncio doçe

Desce a noite achocolatada...

Só me resta, arrastar os pés e soltar os panos do meio das pernas...

Calores...

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Pensar filosoficamente entristece?

Vc é "o ser" que pensa, não o é "o pensamento".Isto é importante saber.

Não acredito que pensar filosóficamente te leva a depressão ou te entristece.

O que te entristece e leva a depressão é querer mais compania do que a sua propria.

Pensar filosoficamente e chegar a conclusões definitivas sobre a religião dogmática e sobre a pequenês humana, apenas te situam.

A vaidade humana quer compartilhar o que sabe por reconhecimento, e não o saber pelo saber...

Saber não é solitário,é libertador na maioria das vzs.

Não que não tenha momentos de trevas...mas se vc já excluiu os demonios e os deuses, o máximo a fazer é ficar inerte,pra não bater a canela e provocar alguma dor ou lesão.

Mas o que ocorre é que quando pinta aquele vazio,aquela treva interior a maioria quer preencher este vazio com artifícios...Estes sim,te levam ao abismo do sentimento de exclusão e solidão.

A filosofia liberta.Mas quem disse que sabemos ser livres??

sábado, 21 de novembro de 2009

Adeus falsidade...


ESCÁRNIOS

Desatarei a fantasia em cauda de pavão num ciclo de matizes, entregarei a alma ao poder do enxame das rimas imprevistas.

Ânsia de ouvir de novo como me calarão das colunas das revistas esses que sob a árvore nutriz escavam com seus focinhos as raízes.

Vladimir Maiakovski

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Mateus 6:11:09

Tão bom!Dias de sol e solidão!

Toda luz é possível nesta versão de mim.

Nada a lamentar.Decisões tomadas.

Seguir em frente.

Valorizar o agora.

Quem me quiser que espere,pq "agora" tô pronta só pra mim!



.

domingo, 16 de agosto de 2009

Dá pra responder com educação?



Se é correto o que vc faz pq vc age na sombra?

Pq não mostra a cara ao invés de ficar nos circuitos internos, tecendo maldades e tirando conclusões?

Pq gosta de dissimulação e falsidade?

Pq gosta de futrica?

Pq não me deixa em paz?

Pq não me deixa em paz?

Pq isso me incomoda?